Educação



Textos pré-seleccionados

Em 1878, só 15% da população algarvia sabia ler e escrever, tendo a percentagem de alfabetizados subido para 17% em 1900 e para 18% no início da República. Contudo, as competências para ler e escrever estavam desigualmente distribuídas entre homens e mulheres e no espaço regional. Os concelhos periféricos e os concelhos do interior algarvio, como Alcoutim, Aljezur, Castro Marim e Monchique apresentavam taxas de iliteracia mais elevadas que os restantes concelhos, atingindo a iliteracia feminina mais de noventa por cento da população de facto.

Os concelhos do litoral e os mais centrais apresentavam taxas de literacia mais elevadas, como no caso do concelho de Faro, havendo mesmo concelhos nos quais a alfabetização das mulheres levava vantagem sobre a dos homens: era assim nos concelhos de Lagoa, Lagos, Portimão, Vila do Bispo e Tavira.

O exercício das profissões liberais dependentes da literacia e de percursos escolares certificados concentrava-se nos concelhos do litoral mais urbanizados e economicamente mais dinâmicos, concelhos onde as taxas de alfabetização feminina também atingiam um nível mais elevado. Este facto, quando associado à mais elevada taxa de sucesso das crianças do sexo feminino no exame da instrução primária elementar que se verificou no final de oitocentos1 revela uma estratégia clara de investimento das famílias na educação das meninas, tendente a assegurar-lhes um futuro profissional no sector terciário e uma autonomia até então ignorados.

No ano lectivo de 1898-99, fizeram exame da instrução primária elementar quinhentos alunos, dos quais duzentos e vinte eram rapazes e duzentos e oitenta eram raparigas, tendo havido nas raparigas 3,9% de reprovações, enquanto entre os rapazes os reprovados atingiram os 17,3%.

No ano lectivo de 1898-99, fizeram exame da instrução primária elementar quinhentos alunos, dos quais duzentos e vinte eram rapazes e duzentos e oitenta eram raparigas, tendo havido nas raparigas 3,9% de reprovações, enquanto entre os rapazes os reprovados atingiram os 17,3%.

 
Aurízia Anica In As Mulheres no Algarve de Oitocentos
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